Barbara Piemonte, 19 anos, mora em Peruíbe (SP), é cantora e dançarina. Com seus trajes vibrantes e maquiagem carregada chama a atenção a cada passo que dá por entre as tendas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, onde acontece a 5ª edição da TEIA Nacional da Diversidade.
Ela chegou ao evento com seus pais - Carlos e Maura - e mais quatro pessoas. O pequeno grupo formado por integrantes do Rio Grande do Sul e Distrito Federal são ciganos da etnia Kalon.
Na manhã desta sexta-feira (23), Barbara fez uma rápida apresentação de dança. A alegria e a sensualidade da dança contrastam com o histórico de dificuldade e luta da etnia ao longo de sua existência.
"A luta", nas palavras da jovem, é o respeito e a preservação da identidade. "Queremos sair da invisibilidade. Queremos ser tratados como pessoas comuns. Não pedimos para ser ciganos, nascemos assim e queremos cultivar nossa cultura", afirmou.
Segundo Carlos Baroa, pai de Bárbara, os Kalons são originários da Índia, de onde partiram para a Europa e, desde 1574, foram enviados de Portugal para o Brasil, distribuindo-se por vários estados. Não há números precisos sobre a quantidade de ciganos no país.
Maura, mãe de Bárbara, ressalta que a inserção dos ciganos nas discussões nacionais de políticas públicas decorre da maior aproximação deles com outras comunidades tradicionais.
"Nossos filhos ainda têm dificuldade de estudar. Eles são vítimas do preconceito. Nas ruas, somos tachados como ladrões. Quem não vive da arte trabalha no comércio", destacou Maura Piemonte.
Esse é o caso de Wanderley da Rocha, de 48 anos. Ele veio de Brasília, onde trabalha como revendedor de confecções. Segundo Maura e Wanderley, não há uma integração entre as diferentes etnias ciganas no país que tentam manter sua tradição.
Os costumes ciganos são passados de pai para filho por meio da língua, da preservação do vestuário típico, do uso de jóias, na condição de morar em tendas e em ser nômades.
Algumas famílias, como a de Lori Emanoela, de 49 anos, divide a rotina entre a barraca e a casa, mas seu filho vai à escola. "A barraca fica na frente da minha casa. Queremos manter os nossos costumes", defende.
Para os kalons, a participação deles na TEIA é mais uma oportunidade de mostrar ao país um pouco mais da cultura cigana e discutir propostas de uma maior inserção na formulação de políticas públicas.
fonte: Ministério da Cultura
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