Julho é um mês rico em festivais de clássica, numa altura em que chegam alguns intérpretes estrangeiros de vulto, mas em que o espaço dado aos jovens músicos portugueses é cada vez maior. Percursos e sugestões para as próximas semanas.
Ao longo do mês de Julho cruzam-se vários festivais de música clássica. Alguns permanecem fiéis às suas principais linhas programáticas, como é o caso da criteriosa programação de música antiga no Festival da Póvoa de Varzim ou da música portuguesa e das obras raras no âmbito do Cistermúsica. Outros procuram novos espaços e novos públicos como sucede com o Festival do Estoril, que este ano deslocou grande parte dos seus concertos para Lisboa.
Festival do Estoril/Lisboa
No ano da sua 40ª edição, o Festival do Estoril transferiu uma grande percentagem dos seus concertos para Lisboa, procurando assim outros públicos e espaços emblemáticos do património arquitectónico da capital como é o caso da Igreja dos Jerónimos, da Igreja de São Vicente de Fora, da Sé Patriarcal, do Palácio da Ajuda ou do Palácio Foz. Prevalecem alguns concertos no Centro Cultural de Cascais e no Museu da Música Portuguesa (Monte-Estoril), mas dominam os itinerários lisboetas.
Ausente das edições anteriores, o órgão assume especial proeminência neste contexto. O festival iniciou-se no dia 2, nos Jerónimos, com um recital do organista João Vaz, e conta ainda com mais dois atraentes programas nesse domínio: cantatas e obras para tecla do espanhol José de Nebra (1702-1768) pela soprano Rosana Orsini e pelo organista Marco Aurélio Brescia (dia 12, na Igreja São Vicente de Fora) e o imponente ciclo de Olivier Messiaen, La Nativité du Seigneur, por António Esteireiro (dia 16, na Sé Patriarcal). Ainda no plano dos instrumentos de tecla, salienta-se o recital de cravo de Cristiano Holtz no Palácio da Ajuda (dia 21), dedicado à A verdadeira arte de tocar instrumentos de teclado, de Carl Philipp Emanuel Bach, obra lapidar no domínio pedagógico e artístico, à qual o cravista brasileiro residente em Portugal dedicou recentemente um excelente CD.
Constituindo uma das tradições mais sólidas do Festival do Estoril, o campo das cordas dedilhadas conta com o regresso de dois intérpretes de vulto. No dia 17, no Palácio da Ajuda, José Miguel Moreno faz um percurso histórico pela guitarra espanhola (de 1500 a 1900), usando diferentes modelos do instrumento, e no dia seguinte, o alaudista Hopkinson Smith, interpreta na tiorba uma série de Suites de J. S. Bach, algumas delas nas suas próprias transcrições.
Em paralelo com o programa principal, decorre o 2.º Festival Jovem, no qual se integram concertos pelos alunos dos Cursos Internacionais de Música do Estoril e o 16.º Concurso de Interpretação do Estoril/Prémio El Corte Inglés, cuja final terá lugar a 20 de Julho, às 16h30, no Palácio Foz. Programa completo em: www.estorilfestival.net
Festival Cistermúsica de Alcobaça
A revelação de obras esquecidas e a valorização da música portuguesa são critérios distintivos do Festival Cistermúsica de Alcobaça, que prevalecem na presente edição, intitulada Lendas e Heróis. Nesta perspectiva, comemoram-se os 300 anos de Pedro António Avondano, figura maior da vida musical portuguesa do século XVIII, com a sua ópera Il Mondo della Luna (1765), a partir do famoso libreto de Goldoni, pelos Músicos do Tejo, dirigidos por Marcos Magalhães (dia 27), e procede-se à estreia moderna de um Requiemdo século XVI, conservado na Biblioteca de Coimbra, pela Cappella Musical Cupertino de Miranda (dia 11). Este agrupamento especializado em polifonia portuguesa fará também a primeira audição de O Luce Etterna (Dante Trilogy I), uma encomenda ao compositor inglês residente em Portugal Ivan Moody. Uma outra encomenda — Tágides, de Eugénio Rodrigues —será estreada este domingo, às 11h, pela Banda Sinfónica de Alcobaça, num programa concebido para os mais jovens que inclui também o Carnaval dos Animais, de Saint-Saëns, e a participação da Academia de Dança de Alcobaça.
Mais logo, às 19h, algumas jóias do repertório de câmara da autoria de Beethoven, Webern, Britten e Debussy serão interpretadas pelo jovem agrupamento belga Quarteto. O alaudista Hopkinson Smith (dia 20); a integral dos Prelúdios, de Debussy, por António Rosado (dia 12); e vários concertos dedicados a jovens músicos premiados são outras propostas a ter em conta. Programa completo em: www.cistermusica.com
Festival Internacional de Música de Espinho
A decorrer desde o dia 27 de Junho, o Festival de Espinho tem este domingo, às 18h, um dos seus pontos altos com a particitação da violinista Isabelle Faust e do cravista e pianista Kristian Bezuidenhout. Intérpretes com carreiras fulgurantes e personalidades artísticas de forte identidade, bem patentes nas suas premiadas gravações, prometem uma parceria empolgante nas Sonatas para violino e cravo nºs 1, 3 e 6, de J. S. Bach. Os dois músicos apresentam-se também a solo, nomeadamente na Sonata para violino solo nº 2, BWV 1003 — recorde-se que Isabelle Faust é detentora de uma gravação de grande sucesso das Sonatas e Partitas de Bach — e na Toccata para cravo BWV 913. Ainda no campo do Barroco, o recital do dia 11, com Sergey Malov no violoncello da spalla (pequeno violoncelo que se toca apoiado no ombro) e Florian Birsak ao cravo promete também ser marcante. Serão interpretadas obras de Vivaldi, J. S. Bach e C. Ph. E. Bach. Mais informação em: www.musica-espinho.com/fime
FONTE: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/festivais-de-musica-de-verao-percursos-e-sugestoes-1661265
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