O cinema nacional não é um produto muito valorizado, mas quem conhece sabe que em intervalos regulares surgem filmaços que ganham público e crítica. As produções desse ano ficaram concentradas no campo do humor, muitos dos filmes estritamente recreativos. Mas mesmo no ano do entretenimento simplista teve coisas mais sólidas.
O Brasil ainda não conquistou a famigerada estatueta do Oscar, mesmo tendo chegado relativamente perto. Esse prêmio que é o carimbo de que uma produção cinematográfica atende a universalidade e padrões para pertencer a um cenário internacional.Mas na real, o oscar não importa tanto assim, tirar um tempinho do Jason Statham pra ver um filme brazuca não vai fazer mal. Sem questões nacionalistas é claro, mas para quem gosta de cinema custa nada olhar mais para perto.
Então aqui vai mais uma listinha de fim de ano com os filmes brasileiros que rolaram. Vai que dá pra tirar uma sugestão para assistir na hora do show do Roberto Carlos. Foram escolhidos seis títulos, mas garimpando mais coisa boa pode surgir.
Que horas ela volta?
Vamos começar com o comentadíssimo filme da pretensa diva das periferias Regina Casé, a apresentadora do “Ishiquenta”. A história é de uma pernambucana que veio de sua terra trabalhar em São Paulo para uma família de classe média, deixando sua filha aos cuidados de uma conhecida. Os anos passam e a empregada é surpreendida com a notícia de que a menina está vindo prestar vestibular na mesma faculdade do filho de seus patrões, o que é visto com uma certa surpresa pelos patrões. Tem distorções, um discurso meio meritocrata mas foi bem conceituado. A direção é de Ana Muylaert.
Filme de estréia dos diretores Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, uma produção gaúcha. O filme tem uma onda meio existencial e mostra uma solidão comum que cerca os personagens. Os amigos Martin e Tomaz viajam para o litoral gaúcho. Martin precisa encontrar um documento para o pai na casa de parentes, e Tomaz decide acompanhá-lo. Os dois acabam abrigando-se em uma casa de vidro à beira-mar, a fim de fugir da rejeição familiar de Martin e da estranha distância que surgiu entre os dois. O filme é intimista e aborda o amor e a moralidade com uma sutileza que vale a pena sentir.
Cássia
Agora no campo de documentários tem produção nacional de qualidade também, com o filme “Cássia”. Cinebiografia sobre uma das grandes vozes da música brasileira, Cássia Eller. O documentário tem direção de Paulo Henrique Fontenelle. A proposta do filme é mostrar, desde o início da carreira nos anos 70, a relação de Cássia com as drogas, o sucesso, a gravidez inesperada, sua sexualidade, a pressão da fama e a timidez da cantora, até o dia de sua morte.
Meus dois amores
Dessas historinhas gostosas de interior, um causo do “bão” do diretor Luiz Henrique Rios. A trama é a seguinte, o vaqueiro Manuel é jurado de morte pelo matador Targino. Para “fechar o corpo”, um feiticeiro exige a mula de Manuel, Beija-fulô, como pagamento. O vaqueiro terá de decidir o seu futuro: a escolha entre a mula e a noiva, Das Dô. Comédia com Caio Blat, Maria Flor e Lima Duarte. Direção de Luiz Henrique Rios.
Mais um documentário brazuca, mas esse é da turma da zueira. Para matar a saudade do casal mais normal das telas. Documentário de ficção sobre o paradeiro do casal Rui e Vani, desaparecidos desde os acontecimentos do segundo longa da franquia, em 2009. Comédia com Fernanda Torres e Luis Fernando Guimarães. A direção é de José Alvarenga Jr.
A Luneta do Tempo
Tem Alceu Valença no cinema de 2015? Tem sim “sinhô”. Não é que o músico deu uma de diretor pra cantar e mostrar o nordeste. Lampião, sempre acompanhado por sua amada Maria Bonita, lidera seu bando pelo sertão de Pernambuco, enfrentando a polícia local. Seu principal antagonista é Antero Tenente, que foi abandonado preso e de cabeça pra baixo pelo bando de Lampião. Esta disputa permanece com o passar dos anos, quando o filho de Antero torna-se adulto e não aceita qualquer provocação à imagem do pai ou a simples menção a algo que lembre Lampião e seus cangaceiros.
http://www.dm.com.br/cultura/2015/12/cinema-nacional-2015.html
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